Habitados pelo céu

O Espírito Santo vos recordará

tudo o que eu vos tenho dito.

Os “discursos de despedida” narrados durante os últimos dias do Tempo Pascal orientam a comunidade a continuar o projeto do amor de Deus. Jesus revela o Seu Testamento resumindo toda a Lei com o Mandamento do Amor e garantindo que o Paráclito, Enviado do Alto, apoiará a missão de levar o Evangelho ao mundo inteiro. Após sua subida ao Pai, Jesus ensina os discípulos à possibilidade de novamente encontrá-Lo.

Ele não mais apareceria no cenáculo exterior, mas seria encontrado no cenáculo interior dos corações. O Mestre afirma que no amor e na força da Palavra sua presença estaria eternamente. Com sua despedida, Ele reafirma e resume as verdades que fazem do homem um discípulo: amar o Senhor, escutar a Palavra e viver pelo Espírito.

Jesus explicita que quem O ama permanecerá fiel à Sua Palavra, sobretudo, na fidelidade ao Novo Mandamento: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. O amor é a dinâmica que Deus utiliza para revelar sua presença no interior do homem. Sem o amor, não haverá reconhecimento da Presença na ausência. Antes de subir ao Pai, o Cristo ensina que será pelo Amor que seus discípulos serão conhecidos: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.

Sua manifestação, junto do Pai, não acontece através de prodígios, mas habitando e expandindo a consciência de seus discípulos. O amor é a prova concreta e real de que somos habitados pelo céu. 

Durante sua vida terrena, Jesus transmitiu tudo aquilo que desejou confiar aos discípulos. Ele cumpriu toda a Revelação Divina que o Pai quis manifestar à humanidade com a Encarnação de seu Filho. Os discípulos, ainda, não haviam entendido a Revelação, a plenitude do amor e as experiências vividas pelo Mestre. Jesus sabendo das limitações de seus seguidores, deixa a comunidade, mas promete continuar seu projeto pela ação Daquele que o gerou e, que agora, ensinará e fará com que seus discípulos recordem todos os seus ensinamentos. 

Jesus sobe ao Pai e oferece o Espírito Santo, Seu “companheiro inseparável”, que defende, consola, ensina e faz recordar. Todo o processo de ensinamento e de recordação é concretizado no acolhimento da presença do Espírito.

O Espírito fará recordar os ensinamentos de Jesus nas diversas circunstâncias da vida a fim de colocá-los em prática. Conforme seu ensinamento, Jesus assegura aos seus discípulos que sempre encontrarão respostas às suas perguntas se souberem ouvir Sua Palavra sintonizados na frequência do Espírito. Entretanto, deverão serem corajosos seguindo as orientações do Espírito que solicitará inesperadas e radicais mudanças. Os ensinamentos não estarão além do Evangelho. Contudo, a instrução será dinâmica, impulsionada pelo interior, de forma irresistível, apontando à direção certa, estimulando o bem e fazendo escolhas conforme o Evangelho: “não se perturbe nem se intimide o vosso coração”. 

Os ensinamentos advindos do Espírito terão como consequência a paz interior: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo”. Uma profunda paz, inabalável, plena, pois ela permitirá sentir-se amado por Deus. O Ressuscitado deixa a paz do coração reconhecida quando os homens são capazes de estabelecerem novas relações servindo e amando uns aos outros.

A paz de Jesus nos permite continuar confiantes diante de situações de morte, pois toda a consolação nos é dada pelo Espírito do Senhor. Com a ação do Espírito, nosso seguimento torna-se uma verdadeira comunhão manifestada pelo compromisso religioso-social com o mundo, sobretudo, com os mais pobres.

A plenitude do amor vivenciada nos convida à libertação de tudo o que nos afasta do Reino de Deus. No amor, os discípulos manifestam Deus ao mundo e promovem vida em abundância. Não estamos sozinhos: Ele está no meio de nós! A presença do Ressuscitado encontra-se no dom do Espírito Santo, por meio do qual é possível instaurar uma relação viva com Ele. Jesus e o Pai vivem em nós, quando escutamos a Palavra do Evangelho e recebemos Vida em Deus e em seu Espírito. Desse modo, somos convocados a fazer as mesmas obras de Jesus com bondade, misericórdia e compaixão. Nisso consiste a humanidade dos homens Ressuscitados.

Senhor, expanda a minha consciência para que eu esteja sintonizado na frequência do Espírito Santo. Ensina-me a escutar, amar e vivenciar a Tua Palavra de compromisso e comunhão. Permita-me compreender que sou habitado pelo céu quando vivo o amor e sou testemunha dele em toda a minha vida.