Cheia de graça, plena de gratidão
- Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.

- 17 de ago. de 2024
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A Solenidade da Assunção de Maria é a história de uma discípula que, realmente, acreditou na Palavra, assumindo os sonhos e os projetos de Deus. Ela soube sonhar o sonho de Deus para uma humanidade livre e plena de misericórdia, de geração em geração. Maria é a “cheia de graça” porque soube dar todo o seu espaço para Deus. Ele, toda a Graça, encarnando-Se no corpo de Maria, não pode deixá-La vazia de graça. Ela é cheia porque deixou se encher pela Fonte da Graça. Maria é a arca, que contém e oferece ao Mundo Jesus, criador da nova aliança.
A Mãe de Deus, preservada de todo o pecado, não poderia conhecer a corrupção da morte, pois na Encarnação seu corpo abriu-se totalmente para habitar a imensidão do céu. Agora, na Assunção, o céu se abre para assumir e receber o corpo de Maria que não poderia sofrer a corrupção da mortalidade, pois foi ele quem deu forma humana a Deus. A festa de hoje exalta o corpo humano. A carne não é a prisão da alma e o corpo não é o impedimento para as maravilhas de Deus.
Não é alma de Maria que, provisoriamente, ligada ao seu corpo, sobe aos céus, mas a totalidade de sua pessoa, todo o seu corpo, animado e estremecido pela infusão do Espírito, na Encarnação. Todas as suas dimensões são assumidas em Deus. A Assunção de Maria não é um evento milagroso que a ciência não explica, mas uma experiência de fé da Igreja.
Maria é a primeira dos ressuscitados que vivencia o céu de corpo e de alma. Ela, na sua simplicidade, é a primeira a conquistar os céus a fim de nos mostrar que também podemos conquistá-lo. Proclamar a Páscoa de Maria implica acreditar que Aquela mulher que deu à luz em um estábulo de animais, que participou do exílio por causa de seu Filho, que se angustiou procurando-O no Templo, que teve o coração transpassado pela dor de ver Jesus maltratado e morto, que chorou no silêncio e na solidão do sepulcro, soube ultrapassar os obstáculos da história entendendo e aceitando os mistérios de Deus.
Quando Maria chegou na casa da sua prima Isabel, Ela não reclamou do cansaço da viagem, mas cantou louvores que brotavam do seu imaculado coração. Olhando para a sua caminhada, compreendemos que o verdadeiro poder é: serviço e louvor. Eis o caminho do Céu! Maria foi “assumida” por Deus porque “desceu” ao profundo da história humana, fazendo-se solidária e serva com prontidão, humildade e ousadia.
Sua elevação aos céus não foi uma simples consequência do seu SIM, mas resposta concreta da continuidade de tudo o que viveu na terra. O serviço, a humildade e o amor são as chaves para o entendimento da ação de Deus na história humana. Maria é a mulher do serviço aos outros e é a mulher do louvor e da gratidão a Deus.
A glória de Maria está no reconhecimento da Glória de Deus: “grandes coisas fez em mim o Salvador”. A gratidão, dever e salvação daqueles que querem viver em Deus, é o sentimento mais nobre que brota das profundezas do coração humano. A mulher plena de gratidão é a mulher cheia de graça. Celebrar a Assunção é vibrar as maravilhas de Deus transformando-se pela gratidão interior.
A vibração do coração de Maria faz vibrar o nosso coração aumentando a esperança de que um dia, tal como ela, veremos a santidade do Senhor, conheceremos a força do seu braço acolhedor, seremos socorridos para sempre e viveremos elevados eternamente.
A Assunção não é um fato que acontece apenas no fim dos tempos, mas é uma realidade atual daqueles que decidem por Deus na vida quotidiana. A Assunção existe em nós quando deixamos fluir o Divino que habita em nós e quando somos plenificamos vivendo em Sua presença. Viver a Assunção é ter a certeza de que o nosso coração está em Deus. A Assunção de Maria é um grande mistério que diz respeito a cada um de nós. Assunção é a absorção da vida terrena pela Vida eterna, a Vida da vida. Esta festa revela o nosso futuro. Hoje, Maria nos convida a elevar nosso olhar para as “maravilhas” que o Senhor realizou Nela. Com ela, todos os dias, cantemos: grandes coisas o Senhor faz em nós e por nós! Esse deve ser nosso canto cotidiano. Somente os que possuem gratidão, louvor e serviço atraem para si e para os outros o que há de melhor: o sentido e a verdade de suas vidas.
Maria, ensina-me a viver a humildade e a simplicidade do coração. Conceda-me reconhecer que é nosso dever e nossa salvação dar graças sempre e em todo o lugar. Ajuda-me a maravilhar-me pelos planos de Deus em minha história. Dai-me a graça do serviço, do louvor e da gratidão.


Bom Dia Frei!!! Gratidão por me enviar um caminho a seguir. Q a Boa Mãe nos mostre esse caminho todos os dias. Paz e Bem.