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A vibração da Vida

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 30 de mar. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de abr. de 2024

A vida, a morte e a ressurreição de Jesus de Nazaré, o Homem, o Filho do Homem e o Filho de Deus, são oferecidas para a nossa contemplação a fim de compreendermos nosso presente, nosso passado e, acima de tudo, pensarmos em nosso futuro. Toda a nossa existência é permeada da Páscoa do Senhor. O trilhar da vida é marcado por mortes e ressurreições. De Páscoa em Páscoa vamos ao encontro da Páscoa definitiva na qual seremos plenificados, potencialmente vivos e nos maravilharemos com o dom do Senhor.

Dessa maneira, a Páscoa do Senhor não é ponto de chegada, mas um é ponto de partida que nos coloca diante da necessidade de aprendermos a ter olhos pascais para nos movermos de forma pascal.

A Páscoa é a inauguração de um tempo novo marcado pela vitória sobre a morte e pela abertura de um horizonte de sentido que recupera nossos sentimentos diante das tragédias existenciais. Das garras da morte surge a Vida. O Mistério da Vida triunfa sobre o mistério da morte. É o Mistério da Vida que rompe com a morte. Duelam o forte e o Mais Forte.

A Páscoa é Vida, pois é ela que se renova e vence a morte. A vida de Cristo é tão forte que a morte não consegue segurá-la. Dentro daquele túmulo, a vida vibrou com tanta força e poder que a pedra da morte rolou e o Cristo Vivente saiu para dar vida e revelar que a morte não teria a última palavra. A vida doada na última ceia e jorrada na cruz vibrou no túmulo e venceu a morte.

Nas narrativas evangélicas do dia da Páscoa prevalecem os sentimentos de preocupação, de desespero, de desconfiança e de medo. Não há qualquer vestígio de Jesus Ressuscitado. Há apenas um espaço simbólico de morte: uma pedra retirada inexplicavelmente, um túmulo vazio, faixas de linho no chão e o convite a procurá-Lo. O evangelista João narra a história com duplo movimento. Maria Madalena correu até os discípulos para anunciar o fato do túmulo vazio. Pedro e o outro discípulo correram em direção ao vazio túmulo para confirmar o anúncio da mulher apaixonada. Madalena correu por medo de terem roubado o corpo do seu Amado e por imaginar a possibilidade de nunca mais conseguir tocá-Lo. Pedro, trazendo consigo o “discípulo amado”, correu para confirmar o fato.


A qualidade distinta do discípulo amado foi a velocidade com que corria para ir ao encontro do Amado Mestre. Foi precisamente o amor especial entre ele e Jesus que o impeliu a movimentar-se o mais depressa possível em direção ao túmulo. Entretanto, Pedro e João presenciaram que o visível se transformara em invisível. Maria viu a pedra retirada e supôs que haviam roubado o corpo do Senhor. Os dois discípulos viram “as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus”. Eles encontraram apenas sinais de morte.

Às vezes, aquilo que celebramos todos os anos, ao invés de atualizar em nós o poder da vida, serve-nos apenas como recordação de um fato histórico da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus. 

O olhar desses discípulos lembra o nosso modo de olhar, pois olhamos para todos os lados e vemos apenas sinais de morte. Não conseguimos “ver” a pedra removida em frente ao túmulo. O fardo do sofrimento, o peso de decepções e a falta de iluminação nos impedem de ver e acreditar na Ressurreição do Senhor como fato atual e verdadeiramente existencial. Muitos permanecemos dentro de nossos túmulos construídos por nós mesmos ou por outras pessoas, acontecimentos repentinos ou inesperados.

Neste sentido, a Páscoa de Cristo deve ressoar o desejo de viver expulsando os sentimentos de morte que nos habitam ou nos rodeiam. A Páscoa de Cristo deve nos mover a viver de forma nova, plenificada e maravilhada. 

A Ressurreição não significa o fato complexo de um morto retornar à vida. A Ressurreição é um evento acontece na vida dos vivos. Ela é inédita, um fato impensável, um episódio desconcertante e inexplicável. Não se trata de uma verdade intelectual, mas de uma verdade que toca, adentra e modifica nossa vida e nossa história. A inteligência do coração abre a inteligência da mente. É a experiência da vida com Cristo que coloca nossa existência em Cristo. A Páscoa de Cristo é o mistério fundamental que edifica a realidade da nossa fé. Ele morreu por amor e ressuscitou no amor. O mistério da Páscoa é tão grande, potente e vibrante que todas as palavras são insuficientes para descrevê-lo. A Ressurreição é a vibração da vida e da paixão de Cristo que nos amou e continua nos amando até o fim.

 

Senhor, abre os olhos do meu coração para que eu possa contemplar nesta manhã maravilhosa e radiosa a vibração da vida e a Tua presença vibrante. Liberta-me do fardo do sofrimento, do peso da decepção e da falta de iluminação que me impede de ver Tua Ressurreição como um fato atual e verdadeiramente existencial. Que a Tua vibração de vida me tire da potência da morte e me faça acordar para a nova realidade, alicerçada no Teu perdão e na Tua generosa promessa.  


LFCM.

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