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A lucidez espiritual

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • há 17 horas
  • 3 min de leitura

A primeira parte do Evangelho nos conduz a uma refeição na casa de um fariseu. Jesus, como convidado, observa, atentamente, o comportamento dos presentes. No contexto judaico, o banquete era um espaço de encontro, partilha e, muitas vezes, de status e de prestígio social. Nesse evento, discutia-se temas relevantes da sociedade, da religião e da vida cotidiana. Os lugares à mesa eram distribuídos, criteriosamente, conforme a importância de cada convidado. Os mais prestigiados ocupavam os primeiros lugares, enquanto os menos influentes ficavam ao fundo.


Jesus percebe a movimentação dos convidados em busca de destaque. Ao ver a disputa por reconhecimento, o Mestre, fala com autoridade, como o verdadeiro dono da festa, propondo a parábola que subverte a lógica humana: “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.” Ele nos convida mudar o foco, pois o lugar que ocupamos deve ser menos importante do que o convite recebido.

O Reino de Deus é um banquete e os critérios para entrar nele são Dele. Todos somos convidados ao Reino. Ninguém entra por mérito, mas por graça divina.

Jesus era um convidado, mas assume a postura do mestre da mesa. A metáfora do Reino nos permite compreender que Cristo é o anfitrião que convida, acolhe e ensina. Ele é o Senhor do Verdadeiro Banquete. As primeiras comunidades cristãs, como as de hoje, enfrentavam, também, disputas por espaço, força e poder. Muitos desejavam ser ouvidos, reconhecidos a fim de terem a palavra final. Mas o ensinamento de Jesus é claro: no Reino, o verdadeiro protagonista é Deus.

Tudo o que somos é dom e, por isso, devemos reconhecer com gratidão que a vida, a missão e o lugar que temos na comunidade são presentes recebidos, não conquistas pessoais. A humildade é a chave para viver essa verdade.

Ser humilde não é esconder-se, nem negar os dons recebidos. Não é viver com medo de errar, nem mesmo considerar-se indigno. Não é viver sob um discurso de “eu sou pecador”, mas, na prática, esconder um coração cheio de orgulho. A verdadeira humildade é lucidez espiritual. É reconhecer, com serenidade e fé, limitações e talentos. É colocar-se a serviço de Deus e do próximo. É sentir-se amado, apesar de erros ou falhas. É viver livre para servir com generosidade. Mais digno é reconhecer-se como um pecador sincero do que fingir ser um santo hipócrita. O humilde vive um movimento de reconciliação e de gratidão vibrando o amor incondicional de Deus.


A segunda parte do Evangelho nos mostra Jesus dirigindo-se ao fariseu que oferecia o jantar e desafiando-o a romper com a lógica da reciprocidade: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos…” Não chames quem possa te retribuir. Mas, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Aqueles que, na lógica da religião e da sociedade, eram os excluídos.

O Mestre, mais uma vez, quebra os critérios sociais e religiosos da exclusão e ensina à comunidade cristã a lógica da gratuidade. O Reino de Deus não é uma troca de favores, mas uma mesa onde todos têm lugar, especialmente, aqueles que nada têm a oferecer em troca. Servi-los é viver conforme o coração de Deus.

Nesse sentido, a Igreja, chamada a ser sinal visível do Reino, deve ser uma mesa aberta, inclusiva, em que todos — especialmente os pobres, os pequenos, os esquecidos — são bem-vindos. Jesus nos convida a romper com a lógica do mundo. No mundo, busca-se poder, prestígio e visibilidade. No Reino, busca-se serviço, humildade e gratuidade. O Mestre nos convida a rever nossas atitudes e motivações. A lógica do Evangelho é libertadora, pois exige de nós coragem para abandonar nossa busca por reconhecimento e validação. Essa lógica impulsiona nossas comunidades a serem reflexo do Banquete do Reino, onde todos são convidados e ninguém é esquecido.


Senhor, ensina-me a viver a lógica do Teu Reino. Livra-me do desejo de ocupar os primeiros lugares. Retira toda vaidade disfarçada de serviço. Dá-me um coração capaz de servir sem esperar recompensa. Ensina-me a viver com gratidão e reconciliação no Teu Reino, onde os últimos serão os primeiros. Amém!

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