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A alegria do céu e da terra

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 19 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de mai.


“Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra” .

(Liturgia das horas)


A Páscoa nos traz um antigo e novo anúncio: Jesus Ressuscitou! As leituras bíblicas contêm o ápice da mensagem pascal e a recordação dos compromissos da nova vida no Ressuscitado. As narrativas evangélicas que referem as aparições do Ressuscitado concluem-se com o convite de superar qualquer incerteza, confrontando o acontecimento com as Escrituras, anunciando que Jesus, além da morte, é o eterno vivente, fonte de vida nova para todos aqueles que creem: “Ele [...] imolado, já não morre; e, morto, vive eternamente”. A Páscoa de Cristo é o mistério de fé que deve tocar nossa realidade: “Páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na Páscoa de Cristo”.


É isso que permite a relação entre o evento histórico-salvífico e os símbolos sacramentais da fé. O dia de hoje deve ser meta para nossas vidas: “vencendo a corrupção do pecado, realizou uma nova criação. E destruindo a morte, garantiu-nos a vida em plenitude". Um novo ciclo é iniciado "no primeiro dia da semana”. A nova criação, a Páscoa definitiva. A partir da morte e da ressurreição de Jesus começa um novo tempo: o tempo do homem novo.

Desse modo, o evento pascal inaugura a estrada para que todos tornem-se “homens novos”, construtores de humanidades livres e novas com o desejo de consolidarem novos céus e nova terra. Celebrar a Páscoa do Senhor é permitir que a Boa Nova da recriação de Deus seja manifestada em cada um de nós.

A Ressurreição não significa o fato complexo de um morto retornar à vida, mas revela um acontecimento na vida dos vivos. Não é uma simples aceitação mental e racional, mas uma ação concreta e real. No Domingo da Páscoa, a liturgia mantém o mesmo evangelho para todos os anos. São os primeiros versículos do capítulo 20 de João. É o relato do sepulcro encontrado vazio. A ressurreição, ao contrário da paixão e da morte de Jesus, em si não é relatada, uma vez que é um acontecimento admirável aos nossos olhos. Nas narrativas evangélicas prevalecem os sentimentos de frustração, de desconfiança e medo. Ir ao túmulo é a atitude de quem acredita que a morte triunfou, pois o túmulo é a morada dos mortos. Naquele lugar, não há qualquer vestígio do Senhor Ressuscitado. Apenas há uma pedra retirada, um túmulo vazio, faixas de linho no chão e o convite para procurar fora daquele espaço simbólico de morte, a resposta de Deus ao abandono da cruz.


A força da Ressurreição fez Maria Madalena, Pedro e o “outro discípulo” correrem e despertarem-se do sono da tristeza, da decepção e do desespero. Madalena foi quem primeiro observou a pedra retirada e o sepulcro aberto. Não sendo tocada pela fé da ressurreição prometida, ela entristeceu-se por não mais ver e tocar o corpo de Jesus. Ela experimentou o vazio existencial do amor. Não há nada, nenhum sinal e nem mesmo o cadáver de seu amado. Não há nada para que possa se agarrar e fazer o rito do luto. Seu coração experimenta a dor dos acontecimentos dos últimos dias. Madalena sente a força da violência, a perda do seu amor verdadeiro e a amargura da traição dos homens.


Pedro é a imagem de uma fé cansada que deseja correr, mas não consegue. É uma fé marcada pela negação. Ele precisa percorrer o caminho da reconciliação. Apesar de ver, continua não acreditando. Ao contrário, João, o discípulo amado, tendo reclinado a cabeça no coração de Jesus é capaz de correr, pois entende o mistério vivo do amor. João sente e apenas sentindo, não tem a necessidade de entrar no túmulo.

Somente a experiência com o Amor é capaz de fazer com que ele acredite na ressureição. A inteligência do amor e a fé nas Escrituras permite com que ele entenda que o Amor não está morto. Ele vive e reina!

A Ressurreição é a novidade de Deus que recria o mundo e o homem. Ela é a resposta concreta do amor do Pai à morte de seu Filho na cruz. O Cristo sai do sepulcro da morte para que possamos renascer para uma vida nova. Ele levanta-se da destruição para dizer-nos que a vida sempre tem a palavra final. Ele vem à luz para que a escuridão dos nossos corações sejam iluminadas. O Senhor abandona o seio da morte para nos ensinar a sair das madrugadas das nossas sombrias existências. Ele deseja nos afastar das trevas da solidão e do medo. Ele devolve-nos a vida perdida no paraíso. A potência pascal nos ensina a desistir de nossos fracassos e dos nossos sentimentos de negação. É preciso desenterrar as esperanças que sepultamos nos túmulos da nossa própria história. O Cristo vence o sepulcro para nos dizer que ali não é a nossa morada. Ele é a nossa esperança!



Senhor, ajuda-me compreender que a ressurreição não é uma simples aceitação mental e racional, mas uma ação concreta e real em minha vida. Ensina-me a viver um tempo novo. Ajuda-me ser construtor de humanidades livres e novas revelando a força do amor. Ilumina as trevas do meu coração para que a minha vida seja expressão da luz pascal.


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1 comentário


Marcia Severo
Marcia Severo
20 de abr.

Gratidão por me enviar essas palavras de esperança na vida nova q posso ter. Feliz e Santa Páscoa. Paz e Bem. 🙏🏾🙏🏿🙏🏽

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